domingo, 8 de junho de 2008

Desvendar.


Outro dia estava despetalando uma florzinha. Ora essa, pensei. Não deveria ficar matando as pobres. Bom, digo-te que foi por uma "boa" causa, pois jamais deve-se deixar uma mulher curiosa, lembre-se disso. Mas o pior é que a flor me deixou aflita! Fiz como mandam a lei e os bons costumes, bem-me-quer, mal-me-quer... E assim até restar apenas uma pétala. Deu mal-me-quer... Mas eu não quero acreditar que seja isso. Em todo caso refleti com meu zíper (na falta de botões) que já não se fazem mais florezinhas como antigamente... Nem flores e nem homens... Quem eu gosto? Quem eu amo... Nem eu sei mais! Tudo virou uma bagunça sem fim de dança, legumes, cabelos, ausência, presença, amizade, timidez, mágoa, carnalidade e saudade. Cada sentimento relacionado com o que está aqui dentro... As brincadeiras podem machucar... A distância, as lembranças... Eu fico me perguntando... O cérebro humano é programado para esquecer... SIM! Ele é programado para esquecer... As relações sinápticas são rompidas com o passar do tempo, pois se por acaso algum ser humano se lembrasse de tudo que fez de bom e de ruim ele seria mais conflituoso do que a que vos escreve. Lembrar de acontecimentos ruins dói, por isso, como forma de proteção nós esquecemos. O meu cérebro está desregulado, desprogramado, com defeito... Precisa de manutenção... Estou entrando em parafusos. Eu não quero recordar as coisas que ficaram pelo meu caminho, meus erros, não quero lembrar que você está aqui. Escrever, ler, ouvir música... Evasões do mundo "de verdade"... Introdução do meu mundinho da nuvem roxa. Deixar as cinzentas nuvens paulistas, as mágoas... Buscar as nuvens purpúreas da aldeia dos clouds... É assim... Cada um tem um jeito de fugir... Eu fujo pra dentro de mim... Busco a paz na minha imaginação, no meu quarto, nos meus dias, nos meus amigos. Poucas pessoas acabam percebendo que esse meu jeito infantil de levar as coisas, as brincadeiras, o jeito... Tudo isso não é para retratar o espírito infantil que ainda existe... Mas para uma fuga do que é real, do que machuca... Mas viver de fantasia não é possível o tempo inteiro... E às vezes o espírito infantil torna-se uma tênue neblina e fica difuso perto do que é sério... E a cada dia cativando uma pessoa diferente, vendo que o mundo é enorme e existem inúmeros seres que podem fazer parte da tua vida. "Tu te tornas eternamente responsável por aqueles que cativas." E assim me sinto... Não gosto de brincar com os sentimentos dos outros... É realmente uma responsabilidade levar o sentimento de outro consigo no coração... Mas nem todos acham que seja uma tarefa nobre... Dilaceram o coração e os sentimentos dos outros como se não tivessem valor algum... Como fazem com os meus. Mas não se importam. Eu vou singelamente recolher o que está sobre o chão, sujo, esfiapado, rasgado... Recolho-o dali e começo a limpá-lo, sozinha... Demoro a conseguir, mas assim que posso ver a alvidez do que limpei alguém vem e pisa, rasga e suja tudo outra vez. Deixa no chão pior do que estava antes e cada vez mais sem chance de eu conseguir arrumar tudo sozinha. Não sei mais de muitas coisas... Mas algumas outras eu esqueci como se faz. Saber que eu posso voar e sorrir... Basta querer... Basta lembrar de como querer.


"401 220 624 114 219 517 518 402, 104 313 515 316 103 805 308 206 410 909 112 407 211 121 223 422!!!"


terça-feira, 3 de junho de 2008

Verbos

Fazia frio. Eu estava sob as cobertas, aquecida e confortável. Hipocrisia falara que pensava nas pessoas que passam frio na rua... Refletia sobre assuntos particulares e, para o mundo, menos importantes.
Em algum momento dos meus devaneios, chegou a periferia dos meus pensamentos reflexões sobre um verbo. Um verbo que pode ter duas formas, uma transitiva indireta e outra intransitiva. Para ser mais específica, pensava no modo intransitivo do verbete.
Um verbo intransitivo quer dzer que ele possui sentido completo, sem necessitar de complemento. Verbos como chorar, amar, andar... e prestar...
Eu fiquei pensando como prestar é relativo. Cheguei a conclusões engraçadas... Analisando pessoas que prestam demais, percebi que elas se divertem pouco... Então prestar bastante está fora de cogitação...
Verificando com pessoas que não prestam, pude perceber que quem não presta tem a consciência pesada... Então não prestar também está fora de cogitação.
Então eu pensei mais e percebi que prestar é muito relativo... Há quem diga que eu não presto... Engraçado. Se eu não me apaixono por você, sendo empático, você gostaria que eu fosse sincera ou que ficasse contigo por pena?
O outro lado sempre vê as coisas de um prisma favorável a si e não ao que é verdade. Se eu falo a verdade eu sou uma egoísta sem coração e/ou escrúpulos... Se eu fico por dó eu sou uma egoísta sem coração e/ou escrúpulos...
Bom, a verdade pela mentira, eu prefiro a verdade, mesmo que no fim eu receba esse tipo de rótulo.
Então cheguei a dois pontos finais sobre esse verbo tão complexo... Primeiro, devemos prestar de forma que consigamos dormir a noite e nos divertirmos durante o dia... Segundo só vou prestar, de agora em diante, com quem merecer.
Depois uma incrível nostalgia tomou conta da minha cabeça, passado... Eu fechava os olhos e ouvia "Wind"... Me lembrava daquela tarde na praia... Da praça da igreja... Da paineira e de amigos que eu queria ter de volta... Daquele futuro brilhante que eu via a minha frente... Sem horizonte ou limite.
O brilho se foi contigo lá pro céu... E hoje és uma estrela bonita, a mais bonita.
Minha cabeça está pesada... Tantas tristezas, incertezas, confusões e contusões cardíacas... Preciso fugir disso um pouco... O verbo fugir é transitivo indireto... Mas não vou dizer o complemento... Eu quero sumir como a fumaça dos meus cigarros...



"Quem procurar não vai me achar... Já encontrei o meu lugar..."