quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Trecho do Texto Candy Day (Escrito dia 09/10/08)


[...]
A luz tênue do abajour iluminava o quarto de forma charmosa. Os dois estavam abraçados e conversavam sobre seus problemas e vidas.
Ele quis lhe mostrar uma música de seu agrado. As notas do black saíam do som enquanto ele passava a mão nos cabelos dela.
- Em que ti está pensando?
- Em nada.
- Bah, guri! Em algo está pensando!
- Eu olho pro seu cabelo e penso no que a gente fez há dois minutos, no que a gente vai fazer daqui dois minutos. Mas então eu olho nos teus olhos e não consigo pensar em nada. É muito louco, mas é bom.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Incompleta















Procurei-me por muito tempo, me perdi em Santana, na Vila Madalena, em Pinheiros, em Osasco, na Vila Olímpia, na Estação da Luz, no Socorro, em Interlagos... E agora que eu estou aqui perdida de verdade, descobri que na realidade eu me encontrava e logo me perdia... Procurando pessoas e coisas que poderiam me fazer mais completa. Não fui feliz na minha busca, pois agora estou ciente que a sensibilidade que eu não pareço ter faz de mim permanentemente incompleta, permanentemente buscando o que eu não sei.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Consulta Médica

- Bom dia, Elisabete.
- Bom dia, doutor.
- Onde dói?
- Aqui - e apontou para o peito.
- Hum... E dói o tempo todo ou somente em determinadas situações?
- Dói o tempo todo, mas tem horas que a dor aumenta.
- Certo. Em quais situações?
- Quando me sinto sozinha, quando ele diz que não me ama...
- Hum... Sente-se na maca.
Sentou-se um tanto quanto ressabiada. O doutor sacou o estetoscópio e ouviu atentamente.
- Diga trinta e três.
- Onze.
- Eu disse pra dizer trinta e três.
- E eu digo onze. Trinta e três não me agrada.
- Agora já disse trinta e três.
- Mas não te direi novamente. Apenas dir-te-ei onze.
- Certo, já ouvi o que precisava.
- E o que o senhor precisava?
- Tu não compreenderias.
- Por que?
- Por que fiz seis anos de graduação e três de pós graduação para compreender.
Juntou as pontas dos dedos e suspirou num movimento muito seu.
- Beleza, doutor. Então me diga o que eu tenho
- Nada. Nada que tenha remédio.
- Então não tem cura essa dor?
- Tem, mas não posso escrever numa receita.
- E tem nome a minha doença?
- P.A.C.C.C..
- P.A.C.C.C.?! O que é isso?!
- Platonismo Agudo com Contusão Cardíaca.
- Isso é sério?
- Não, isso passa.
- Demora?
- Não sei.
- Como não sabe?
- Não sabendo.
- Pode não passar?
- Pode.
- E se não passar?
- Não passou.
- E eu vou morrer?
- A morte carnal ocorre mesmo que passe. Em teoria seu espírito já está morto.
- Então eu só existo?
- É, só existe.
- E quando eu vou VIVER?
- Quando passar.
- E quando vai passar?
- Não sei.
- O que eu faço pra passar?
- Nada. Só espere.
- Mas eu quero viver logo!
- Tu já viveu algumas vezes, espere.
- Não gosto de esperar.
- Ninguém gosta, mas precisa.
- Tá bom. Mas enquanto eu espero, o senhor pode me dar mais um fígado?
- Não, senão você vai beber demais.
- E outro pulmão?
- Não, senão você vai fumar demais.
- Outro cérebro então?
- Não, senão você vai pensar demais.
- Mas eu já penso demais.
- Então dê-se por satisfeita.
- Outro coração eu não quero!
- Por que não?
- Por que senão eu vou sofrer demais.
- E você já não sofre demais?
- Sim, mas não me dou por satisfeita. Eu não quero mais sofrer.
- Então não sofra.
- Não é tão simples assim.
- Eu sei que não é. Precisa de paciência.
- Eu não tenho.
- Então compre.
- Como se compra paciência?
- Tudo se compra com dinheiro.
- Então eu vou comprar amor.
- Digo, QUASE tudo se compra com dinheiro.
- E o amor?
- É de graça.
- Então eu quero.
- Só se alguém te oferecer. Amor não se pede, não se mendiga, não se compra.
- FODEU!
- O que?!
- Fodeu... Ninguém vai me oferecer amor se eu não pedir.
- Espera.
- Tá, tá, tá! Espero... Tchau, doutor.
- Bom dia, Elisabete. Retorne em seis meses.
E bateu a porta contrafeita.
- Próximo!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Personalidades (Para Lívia, com carinho)

É engraçado... Outro dia eu estava conversando com uma garota que me encantou com algo que eu não tenho... Algo meigo, puro e muito bonito nos dias de hoje... Alguém que eu jamais conseguiria enrolar, fazer maldade ou deixar que façam qualquer coisa ruim... É a Lívia.
Eu fiquei triste, porque ela me falou coisas que eu sentia quando eu estava na quarta série e sinto de vez em quando ainda...
A nossa personalidade é formada por tanta coisa... Experiências: Decepções, alegrias, tristezas, amigos, inimigos... A gente vai convivendo com todo tipo de pessoa e vai aglutinando gostos, palavras dos outros, absorvendo o que achamos pertinente, interessante e formando uma nova personalidade única: a nossa.
Ir na onda dos outros é relativo, se a vibe é boa, por que não? Absorver coisas boas dos outros não te faz menos ou mais original, pois pode ter certeza que ninguém é totalmente original... Todo mundo vai se moldando com os passos que dá no mundo.
Talvez eu tenha caminhado um pouco mais do que deveria e você um pouco menos do que gostaria, mas cada um tem seu ritmo e não acho que isso seja motivo para sentir-se menor. Eu sinto falta da ternura que carregava e outrora deixei pelo meu caminho, mas gosto muito das cicatrizes que ganhei todas as vezes que eu cai e levantei. Das vezes que eu olhei pro horizonte e queria parar ali onde eu estava por medo ou exaustão, mas sempre um anjo pegou na minha mão e me ajudou e eu quero ser um anjo pra ti caso se sinta insegura, quero dizer que eu vou estar aqui, de verdade.
Como a Yumi esteve pra mim, como a Krika também ou o Baby, o Renan, a Luara, o Wi, a Jack, O Ju, a Jéssica (as duas Jéssicas), meus pais, e tantos outros anjos tão importantes pra mim... Pessoas que fizeram grandes coisas ou mesmo pequenas, mas que fizeram toda diferença pra mim... Como você é um anjo pra mim toda manhã quando sorri e me dá bom dia, quando me ouve ou me desespera porque faltam 8 (OITO) dias para a entrega do trabalho!
Li, não fique triste, tu é uma das melhores pessoas que já passaram pela minha vida e espero sinceramente que continue a passear por ela. Você é maravilhosa e tão original quanto uma pessoa especial precisa ser, você é única.




Se tu acreditar que é ótima, será realmente ótima. (Auto confiança é tudo)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Idiota, burra e medrosa


Felicidade me dá medo! Engraçado que já faz um tempo eu tenho feito essa associação... Felicidade e medo. É complicado, mas vou tentar explicar: Quanto mais feliz eu fico, mais eu posso me decepcionar. Então prefiro deixar meus pés no chão em vez de voar alto e cair. (geralmente faço isso)O problema é que GERALMENTE não é a mesma coisa que SEMPRE... E agora é mais difícil reconhecer pra mim mesma do que para todo mundo... Eu estou morrendo de medo. Medo de me apaixonar (mas acho que isso já era), medo de me iludir (fodeu, se o primeiro já era, esse já era também!), medo de me magoar, medo de ser deixada de lado... É hipocrisia dizer que não tem medo dessas coisas, que é auto suficiente e está tudo certo sem ter ninguém por perto. (Oh, ela é carente!) Nem tanto por isso... É que eu tenho sentido ultimamente uma dificuldade imensa de me apaixonar... Aparecem caras perfeitos, amigos, companheiros, talentosos, que gostam de mim, mas sei lá... Meu coração não fica alegre de verdade... Isso estava me incomodando um pouco, mas pelo menos eu me sentia segura na minha insignificância sentimental. Mas e agora? Ninguém percebe que eu sou uma menininha chorona que já se machucou tanto que não quer mais brincar disso... Já sofri tanto, criei medos e barreiras outra vez... Elas estão rachando, mas eu não sei se quero que elas desabem. Como eu faço pra ter certeza das coisas? Se alguém souber me responder, pelo amor de Deus... Deixe um comentário.



Preciso mesmo de um banho de água fria e realidade. Acho que eu
estou esquecendo como se sonha... E pra dizer a verdade, nem sei se quero aprender de novo... Se for pra sonhar... Quero pelo menos ter certeza de que você vai estar comigo...


Ele vai te deixar...


Ele só quer te usar...


Não cai nessa...


Sai dessa...





Krika, Mãe Dinah, Mulher Elástica, Rato Humano... Alguém me salva!!!!!!!!!!!


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sapa!

Coachei no meio do lago
Mas quando eu te vi do meu lado
Vermelha eu fiquei
E meu coachar calei

Emudeci...
Meu coração acelerou
Meu olhar não mais piscou
E mesmo assim a luz eu vi

Era um príncipe que vinha margeando minha lagoa. Eu estava repousando sobre as pedras ouvindo Djavan. Ele me olhou e por ventura ou azar havia um sapo ao meu lado e ele se foi... Me afastei do sapo, ele estava me fazendo mal. No fim fez-se passar por príncipe, mas não deu certo, ele jamais seria um príncipe, pois não era de sua natureza.
Eu já não sabia bem quem eu era, o que eu era... Partindo do pressuposto que eu estava residindo numa lagoa, passava grandes períodos submersa e meu reflexo na água era verde... Acho que eu era uma sapa mesmo... Mas eu já tinha sido outra coisa, isso era certo.
Acho que talvez eu tenha sido princesa três vezes, ou bem assim me senti por três vezes, compreende? Fui assim tratada como tal e fui feliz, tão feliz quanto uma princesa poderia ser, mas diferente dos contos de fada eu não fui feliz para sempre (por enquanto).
A diante com nossa história, pois o tempo não está barato hoje em dia... Passaram-se algumas semanas e eu continuava na minha pedrinha limosa do lago. Eis que ele voltou e dessa vez não havia sapo nem nada que impedisse a aproximação dele. E assim foi, ele arqueou as pernas, mas pela altura me via de cima.
- Bom dia.
- Bom dia, príncipe... Tu é um príncipe, né?
- Sim, eu sou... E tu? O que é?
- Ora... O que tu vê?
- Eu vejo um olhar de princesa, um coração de princesa... És uma princesa?
- Não sei mais o que eu sou... Eu sei que tu é lindo... E eu te adoro.
- Eu também te adoro... Mas eu preciso ir.
- Tu volta?
- Sim.
- Logo?
- Não tanto.
- Deixa algo de ti comigo, pra recordar?
- Deixo meu lenço amarelo... Pode ser?
- Claro.
Ele se foi e deixou o lenço amarelo... Ela cuidou do lenço com carinho e afeto.

Não sabia
Somente estava esperando
Um dia ele voltaria?
Ou ficaria só sonhando?

O fim dessa história
Não sou eu quem vai escrever
O destino vai tecer
Mas não sei se ele vai me querer

Tem um sorriso lindo
Que me faz tremer quando vem
E quando vai indo...

E ainda por cima... Tem nome de príncipe... Ai ai

domingo, 18 de janeiro de 2009

Gelo

Gelo
Pleonasticamente gelado
O copo suado
O cabelo molhado
O rosto enxarcado
O olhar vidrado
O miocárdio estraçalhado
O mundo parado
O andar soliário
O sentir saudade antecipado
O mudar autoritário
Tantos artigos definidos
Num coração encasulado
Num futuro indefinido
"Você merece ser feliz"
Sorrindo ele me diz
Mas ninguém quer o legado
De curar meu coração
Que está todo quebrado
Um sorriso encabulado
Um enrubrecer facial
Ser bom é mau
Nesse mundo imundo
Bondade e idiotice
Se confundem
E a inércia me faz crer
Que eu não mudarei ninguém
Mas minha parte eu irei fazer
E um dia quem sabe
Um fruto de bondade e felicidade
Eu vou colher

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Eu sei que sabes...


As cores dos fogos de artifício refletiam-se em seus olhos... O céu iluminado da Av. Paulista prendia sua atenção, ela estava deveras embriagada, mas tinha noção de todas as coisas... De como a noite estava bonita e agradável, do quanto ela precisava daquela energia, do quanto ele estava longe e do quão impossível seria dar tudo certo naquele ano que acabara de chegar. Mas a verde esperança que ela buscava naqueles olhos castanhos a fez sorrir imaginando que talvez ele reclamasse muito por ela roncar a noite... Se divertiu enumerando seus defeitos e devaneando se ele por ventura a amaria mesmo assim. Mas o dia raiou na Vila Madalena e ela ficou se questionando sobre suas atitudes, sobre tudo que estava fazendo... Será que seria a forma mais correta? É... Achava que não. Mas que poderia fazer?! Não era de seu feitio magoar as pessoas, e levava "O Pequeno Príncipe" ao pé da letra... Sentia-se realmente responsável por todos aqueles que cativava; sempre honrara com suas palavras. Então por hora seguia sua conduta, mas ainda sim, questionava-se sobre a possibilidade dele pensar que ela estava fazendo birra ou pirraça, ou também, na infeliz possibilidade dele nem se importar. A terceira era mais válida e isso doía demais. Por isso ela sentou-se na poltrona mais próxima da janela pra sentir a brisa que brincava agradavelmente fresca com seu rosto e suas madeixas. Acendeu um cigarro e colocou-se a chorar silenciosamente para que ninguém ouvisse ou percebesse. Um turbilhão de emoções que ela não entendia e que ela ainda não conseguia fazer fluir pois o gelo havia tomado conta de todo o peito... A alma era forte, por isso ainda esboçava um sorriso firme e tinha o dom de conversar... Abria sua história, mas seu coração continuava duro e sem vida. Ela já aprendera na vida que gestos, olhares e atitudes falam mais que palavras... É um dizer nas entrelinhas, nas nuances que vão além do sim e do não... É o segredo do talvez e a nota púrpura do mistério. Será que ela avistara mais cor nessa turvidão nebulosa a frente? Ela o conhecia, talvez mais do que ele imaginava... E queria algo mais concreto que uma pincelada tão sutil de alma. Agora ela queria só saber... O que geralmente ela descobre num olhar. Mas que não conseguia discernir o que estava por trás daquele semblante impassível... Será que tu sabes? Que tens sempre o mesmo olhar?





Eu sei que sabes...