Coachei no meio do lagoMas quando eu te vi do meu ladoVermelha eu fiqueiE meu coachar caleiEmudeci...Meu coração acelerouMeu olhar não mais piscouE mesmo assim a luz eu viEra um príncipe que vinha margeando minha lagoa. Eu estava repousando sobre as pedras ouvindo Djavan. Ele me olhou e por ventura ou azar havia um sapo ao meu lado e ele se foi... Me afastei do sapo, ele estava me fazendo mal. No fim fez-se passar por príncipe, mas não deu certo, ele jamais seria um príncipe, pois não era de sua natureza.Eu já não sabia bem quem eu era, o que eu era... Partindo do pressuposto que eu estava residindo numa lagoa, passava grandes períodos submersa e meu reflexo na água era verde... Acho que eu era uma sapa mesmo... Mas eu já tinha sido outra coisa, isso era certo.Acho que talvez eu tenha sido princesa três vezes, ou bem assim me senti por três vezes, compreende? Fui assim tratada como tal e fui feliz, tão feliz quanto uma princesa poderia ser, mas diferente dos contos de fada eu não fui feliz para sempre (por enquanto).A diante com nossa história, pois o tempo não está barato hoje em dia... Passaram-se algumas semanas e eu continuava na minha pedrinha limosa do lago. Eis que ele voltou e dessa vez não havia sapo nem nada que impedisse a aproximação dele. E assim foi, ele arqueou as pernas, mas pela altura me via de cima.- Bom dia.- Bom dia, príncipe... Tu é um príncipe, né?- Sim, eu sou... E tu? O que é?- Ora... O que tu vê?- Eu vejo um olhar de princesa, um coração de princesa... És uma princesa?- Não sei mais o que eu sou... Eu sei que tu é lindo... E eu te adoro.- Eu também te adoro... Mas eu preciso ir.- Tu volta?- Sim.- Logo?- Não tanto.- Deixa algo de ti comigo, pra recordar?- Deixo meu lenço amarelo... Pode ser?- Claro.Ele se foi e deixou o lenço amarelo... Ela cuidou do lenço com carinho e afeto.Não sabiaSomente estava esperandoUm dia ele voltaria?Ou ficaria só sonhando?O fim dessa históriaNão sou eu quem vai escreverO destino vai tecerMas não sei se ele vai me quererTem um sorriso lindoQue me faz tremer quando vemE quando vai indo...E ainda por cima... Tem nome de príncipe... Ai ai
GeloPleonasticamente geladoO copo suadoO cabelo molhadoO rosto enxarcadoO olhar vidradoO miocárdio estraçalhadoO mundo paradoO andar soliárioO sentir saudade antecipadoO mudar autoritárioTantos artigos definidosNum coração encasuladoNum futuro indefinido"Você merece ser feliz"Sorrindo ele me dizMas ninguém quer o legadoDe curar meu coraçãoQue está todo quebradoUm sorriso encabuladoUm enrubrecer facialSer bom é mauNesse mundo imundoBondade e idioticeSe confundemE a inércia me faz crerQue eu não mudarei ninguémMas minha parte eu irei fazerE um dia quem sabeUm fruto de bondade e felicidadeEu vou colher
As cores dos fogos de artifício refletiam-se em seus olhos... O céu iluminado da Av. Paulista prendia sua atenção, ela estava deveras embriagada, mas tinha noção de todas as coisas... De como a noite estava bonita e agradável, do quanto ela precisava daquela energia, do quanto ele estava longe e do quão impossível seria dar tudo certo naquele ano que acabara de chegar. Mas a verde esperança que ela buscava naqueles olhos castanhos a fez sorrir imaginando que talvez ele reclamasse muito por ela roncar a noite... Se divertiu enumerando seus defeitos e devaneando se ele por ventura a amaria mesmo assim. Mas o dia raiou na Vila Madalena e ela ficou se questionando sobre suas atitudes, sobre tudo que estava fazendo... Será que seria a forma mais correta? É... Achava que não. Mas que poderia fazer?! Não era de seu feitio magoar as pessoas, e levava "O Pequeno Príncipe" ao pé da letra... Sentia-se realmente responsável por todos aqueles que cativava; sempre honrara com suas palavras. Então por hora seguia sua conduta, mas ainda sim, questionava-se sobre a possibilidade dele pensar que ela estava fazendo birra ou pirraça, ou também, na infeliz possibilidade dele nem se importar. A terceira era mais válida e isso doía demais. Por isso ela sentou-se na poltrona mais próxima da janela pra sentir a brisa que brincava agradavelmente fresca com seu rosto e suas madeixas. Acendeu um cigarro e colocou-se a chorar silenciosamente para que ninguém ouvisse ou percebesse. Um turbilhão de emoções que ela não entendia e que ela ainda não conseguia fazer fluir pois o gelo havia tomado conta de todo o peito... A alma era forte, por isso ainda esboçava um sorriso firme e tinha o dom de conversar... Abria sua história, mas seu coração continuava duro e sem vida. Ela já aprendera na vida que gestos, olhares e atitudes falam mais que palavras... É um dizer nas entrelinhas, nas nuances que vão além do sim e do não... É o segredo do talvez e a nota púrpura do mistério. Será que ela avistara mais cor nessa turvidão nebulosa a frente? Ela o conhecia, talvez mais do que ele imaginava... E queria algo mais concreto que uma pincelada tão sutil de alma. Agora ela queria só saber... O que geralmente ela descobre num olhar. Mas que não conseguia discernir o que estava por trás daquele semblante impassível... Será que tu sabes? Que tens sempre o mesmo olhar?
Eu sei que sabes...