quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Eu sei que sabes...


As cores dos fogos de artifício refletiam-se em seus olhos... O céu iluminado da Av. Paulista prendia sua atenção, ela estava deveras embriagada, mas tinha noção de todas as coisas... De como a noite estava bonita e agradável, do quanto ela precisava daquela energia, do quanto ele estava longe e do quão impossível seria dar tudo certo naquele ano que acabara de chegar. Mas a verde esperança que ela buscava naqueles olhos castanhos a fez sorrir imaginando que talvez ele reclamasse muito por ela roncar a noite... Se divertiu enumerando seus defeitos e devaneando se ele por ventura a amaria mesmo assim. Mas o dia raiou na Vila Madalena e ela ficou se questionando sobre suas atitudes, sobre tudo que estava fazendo... Será que seria a forma mais correta? É... Achava que não. Mas que poderia fazer?! Não era de seu feitio magoar as pessoas, e levava "O Pequeno Príncipe" ao pé da letra... Sentia-se realmente responsável por todos aqueles que cativava; sempre honrara com suas palavras. Então por hora seguia sua conduta, mas ainda sim, questionava-se sobre a possibilidade dele pensar que ela estava fazendo birra ou pirraça, ou também, na infeliz possibilidade dele nem se importar. A terceira era mais válida e isso doía demais. Por isso ela sentou-se na poltrona mais próxima da janela pra sentir a brisa que brincava agradavelmente fresca com seu rosto e suas madeixas. Acendeu um cigarro e colocou-se a chorar silenciosamente para que ninguém ouvisse ou percebesse. Um turbilhão de emoções que ela não entendia e que ela ainda não conseguia fazer fluir pois o gelo havia tomado conta de todo o peito... A alma era forte, por isso ainda esboçava um sorriso firme e tinha o dom de conversar... Abria sua história, mas seu coração continuava duro e sem vida. Ela já aprendera na vida que gestos, olhares e atitudes falam mais que palavras... É um dizer nas entrelinhas, nas nuances que vão além do sim e do não... É o segredo do talvez e a nota púrpura do mistério. Será que ela avistara mais cor nessa turvidão nebulosa a frente? Ela o conhecia, talvez mais do que ele imaginava... E queria algo mais concreto que uma pincelada tão sutil de alma. Agora ela queria só saber... O que geralmente ela descobre num olhar. Mas que não conseguia discernir o que estava por trás daquele semblante impassível... Será que tu sabes? Que tens sempre o mesmo olhar?





Eu sei que sabes...

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