Banho, café... O mundo entorpecido de sono. Caminho até o ponto, a Lua ainda despontava no céu cheia, pálida e tênue como uma marca d`água, o manto estava pontilhado de pequenas estrelas, talvez esquentasse mais tarde.
Andei pela Avenida Santo Amaro... E Pela Nove de Julho... E pela Prestes Maia... E pela Senador Queirós...O centro estava tão bonito... Vagava pelas ruas uma brisa fria que dava a impressão de vazio, papéis voavam pelas calçadas ladrilhadas, o Sol ia nascendo timidamente, banhando o concreto com suas nesgas douradas, riscando o chão cinza de São Paulo.
Tua sinceridade ardia no meu peito, tuas palavras ainda ecoavam nos meus ouvidos e meu coração partido retumbava tristemente uma sinfonia melancólica.Mais uma vez... Me machuco por querer, mais uma vez quebro promessas... Mais uma vez as lágrimas lavam meu rosto...
Sentada sob o arvoredo no fim de tarde com notas de Norah Jones a embalar meu descanso eu fico a sonhar com você abrindo o portão, ficando acocorado a minha frente, levantando meu rosto pelo queixo, secando meu pranto com as costas das tuas mãos... Dizendo que está tudo bem outra vez. Que não há mais dúvidas, nem palavras soltas no ar... Que tudo faz sentido e agora vamos repousar dividindo o fone de ouvido.
Mas o crepúsculo vem chegando e o céu toma cores diversas... O Sol vai indo embora... Azul anil e púrpura começam a pontilhar-se de estrelas... Refletidas nos meus olhos úmidos os pequeninos brilhos me fazem pensar que não vieste... E tenho-as por companhia somente.
Eu só queria que soubesses... Que sob as faias frondosas da minha imaginação, aguardo que a semente que plantei no teu coração brote... E ternamente torne-se flor...